Apesar de o Brasil ter registrado a menor taxa de homicídios dos últimos 31 anos, com 21,2 mortes por 100 mil habitantes em 2023, a Bahia permanece entre os estados mais violentos do país, segundo dados do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Com uma taxa de 43,9 homicídios por 100 mil habitantes, a Bahia ocupa a segunda posição no ranking nacional, atrás apenas do Amapá (57,4). Pernambuco (38) aparece logo em seguida. O relatório também destaca que 36,6 das mortes na Bahia foram causadas por armas de fogo, consolidando o estado como um dos mais afetados por esse tipo de violência letal.
Em todo o país, foram contabilizadas 45.747 mortes violentas em 2023, o que representa uma queda de 1,4% em relação a 2022 (46.409). A redução é ainda mais expressiva se comparada ao pico de homicídios registrado em 2017, com 65.602 casos — uma queda de quase 30%.
O levantamento aponta que 71,6% dos homicídios no Brasil foram cometidos com armas de fogo. Ao todo, 32.749 pessoas morreram por esse tipo de arma em 2023.
O pesquisador Daniel Cerqueira, do Ipea, aponta dois fatores principais para a queda dos homicídios no país: o envelhecimento da população, reduzindo o número de jovens — público mais vulnerável à violência — e uma “revolução invisível” nas políticas de segurança pública, com maior uso de dados e inteligência pelas polícias, em detrimento do policiamento meramente ostensivo.
Além dos registros oficiais, o Atlas identificou 51,6 mil homicídios ocultos entre 2013 e 2023, ou seja, casos não devidamente classificados como homicídios pelas autoridades. Com isso, a taxa real estimada de homicídios em 2023 sobe para 23 por 100 mil habitantes. Mesmo assim, esse ainda é o menor patamar desde 2013.
Além da alta taxa geral, a Bahia também aparece entre os estados com maior número de homicídios por arma de fogo. A ausência de políticas eficazes de controle e fiscalização de armamentos é apontada no relatório como um dos principais agravantes para esse cenário.
O Atlas reforça a necessidade de ações coordenadas de prevenção e combate à violência, incluindo políticas sociais voltadas para a juventude e o fortalecimento das instituições de segurança pública nos estados mais afetados, como a Bahia.
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