As bonecas reborn, réplicas hiper-realistas de bebês feitas com detalhes que impressionam até os mais céticos, estão cada vez mais populares entre mulheres de diferentes faixas etárias. Mais do que brinquedos, essas bonecas representam afeto, consolo e até terapia emocional para muitas mulheres — o que tem despertado tanto empatia quanto polêmica nas redes e na sociedade.
Produzidas artesanalmente em silicone ou vinil, as bonecas reborn imitam com perfeição bebês humanos: pele com textura realista, olhos expressivos, cílios implantados, veias pintadas à mão e até peso semelhante ao de um recém-nascido.
Os valores variam bastante, podendo ultrapassar os R$ 5 mil, a depender do nível de personalização. Algumas vêm com enxoval completo, certidão fictícia de nascimento e acessórios como chupetas, mamadeiras e carrinhos.
Os motivos são diversos:
Companhia emocional em momentos de solidão
Processo de luto por filhos perdidos
Desejo de ser mãe não realizado
Terapia para ansiedade, depressão e traumas
Expressão artística ou colecionismo
Marlene Souza, 42 anos, pedagoga, compartilhou com a reportagem:
“A minha reborn não substitui um filho, mas representa um carinho que me conforta. Eu cuido, troco roupinha, converso. Me faz bem, especialmente nos dias mais difíceis.”
Apesar dos relatos emocionantes, o tema ainda enfrenta resistência. Muitas mulheres que possuem reborns relatam julgamentos severos, inclusive dentro da própria família. Comentários em redes sociais variam entre o apoio, o deboche e a patologização do comportamento.
Segundo a psicóloga Ana Luísa Carvalho, não se pode rotular a prática como um problema:
“O apego a uma reborn pode ser uma forma de enfrentamento emocional. O importante é observar se a pessoa mantém sua rotina social e funcional. Se sim, não há necessariamente algo disfuncional ali.”
TikTok, Instagram e YouTube têm ampliado a visibilidade do fenômeno. Vídeos com milhões de visualizações mostram mulheres dando banho, alimentando e até levando as bonecas para passear. Alguns conteúdos são acolhidos com carinho. Outros, viram alvo de piadas e críticas.
A socióloga Mariana Dias analisa:
“As reborns escancaram uma questão delicada: o que a sociedade considera aceitável em termos de afeto e maternidade. Quando uma mulher expressa isso de forma não convencional, o incômodo aparece.”
O crescimento do interesse por bonecas reborn é mais do que uma moda. É reflexo de questões emocionais profundas e da transformação das formas de afeto em tempos de individualismo e redes digitais.
Num mundo que cobra produtividade, racionalidade e padrões estreitos de comportamento, muitas mulheres encontram nessas bonecas um espaço legítimo de afeto, cuidado e acolhimento.
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