O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (18), elevar a taxa Selic de 14,75% para 15% ao ano, atingindo o maior patamar desde julho de 2006. A decisão, unânime entre os membros do colegiado, surpreendeu parte do mercado e representa a sétima alta consecutiva da taxa desde setembro do ano passado.
A justificativa do Banco Central é o combate à inflação, que segue resistente mesmo após uma leve desaceleração em maio. O IPCA acumula alta de 5,32% nos últimos 12 meses, acima do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 4,5%.
A elevação dos juros busca conter a inflação ao desestimular o consumo e o crédito. Na prática, quando a Selic sobe, os empréstimos e financiamentos ficam mais caros, o que reduz o ritmo da economia e pressiona a queda dos preços.
Segundo o Copom, a decisão também tem como objetivo reancorar as expectativas do mercado em relação à inflação futura e manter a credibilidade da política monetária. Apesar da nova alta, o comunicado do Banco Central indica que o ciclo pode ser pausado temporariamente para avaliar os impactos das medidas já adotadas, mas sem descartar novas elevações, caso o cenário inflacionário piore.
A Selic afeta diretamente diversos aspectos da vida financeira dos brasileiros. Veja os principais reflexos:
1. Crédito mais caro:
Empréstimos pessoais, financiamentos de veículos e imóveis, além do rotativo do cartão de crédito, ficam mais onerosos. O custo do dinheiro sobe, exigindo mais cautela do consumidor.
2. Consumo em queda:
Com acesso ao crédito mais difícil, o consumo tende a cair. Isso afeta diretamente o comércio e os pequenos negócios, que podem ver as vendas diminuírem nos próximos meses.
3. Dívidas mais difíceis de renegociar:
Para quem já está endividado, a situação se agrava. A renegociação de dívidas se torna mais difícil, com juros maiores e menos opções de parcelamento.
4. Investimentos em alta:
Por outro lado, quem consegue poupar pode se beneficiar. Aplicações de renda fixa como Tesouro Direto, CDBs e LCIs/LCAs passam a render mais, oferecendo segurança com retorno maior.
5. Crescimento econômico pode desacelerar:
A elevação da Selic também impacta o Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa de crescimento para 2025 caiu para 1,9%, abaixo da previsão anterior de 2,2%. A desaceleração econômica pode refletir na geração de empregos e na renda das famílias.
No comunicado oficial, o Copom destacou que o cenário internacional segue incerto e que a economia brasileira continua resiliente, o que exige uma política monetária mais firme para trazer a inflação de volta à meta.
Ainda segundo o BC, a projeção para a inflação em 2025 subiu para 4,9%, acima do teto da meta, enquanto a previsão para 2026 foi mantida em 3,6%. O órgão reiterou que continuará monitorando os indicadores e poderá retomar as altas, se necessário.
Diante desse novo cenário, especialistas recomendam:
Evitar novas dívidas ou compras parceladas longas;
Tentar renegociar dívidas já existentes com agilidade;
Aproveitar o momento para investir em renda fixa, que volta a ser vantajosa;
Manter controle do orçamento pessoal e familiar, priorizando gastos essenciais.
A nova alta da Selic para 15% ao ano reforça o esforço do Banco Central para conter a inflação, mas traz efeitos colaterais como crédito mais caro, retração do consumo e possível desaceleração econômica. O consumidor deve redobrar os cuidados com o orçamento e buscar formas de proteger ou rentabilizar melhor seu dinheiro.
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