A Bahia amanheceu em festa nesta terça-feira (2), com a celebração do feriado estadual mais importante para o povo baiano: o Dia da Independência da Bahia. A data marca a expulsão definitiva das tropas portuguesas de Salvador, em 1823, consolidando o processo de independência do Brasil iniciado em 1822, no Rio de Janeiro.
Muito além de um evento cívico, o 2 de Julho é vivido como um ato de resistência popular. Em Salvador e em diversas cidades do interior, os festejos reúnem milhares de pessoas em cortejos, apresentações culturais, rituais simbólicos e homenagens aos heróis e heroínas que participaram da luta pela libertação do território baiano.
Desde o final de junho, uma série de eventos prepara o clima da festa. O Fogo Simbólico da Independência percorre cidades históricas como Cachoeira e Pirajá até chegar a Salvador, onde ocorre o tradicional acendimento da pira da liberdade.
Na manhã do dia 2, o cortejo cívico parte do Largo da Lapinha com destino ao Campo Grande. Os personagens históricos do evento, como os Caboclos e Caboclas, ícones da miscigenação e da luta popular, são acompanhados por fanfarras, grupos culturais, escolas, representantes de movimentos sociais e autoridades.
A programação inclui ainda alvorada com queima de fogos, hasteamento de bandeiras, execução do Hino Nacional e concursos de fachadas decoradas, tudo cercado por uma atmosfera de orgulho e pertencimento.
O 2 de Julho é também dia de reverenciar nomes como Maria Quitéria, Maria Felipa e Joana Angélica, mulheres que protagonizaram momentos decisivos na luta pela independência da Bahia. A presença delas nos desfiles reforça o caráter democrático e plural da celebração, que valoriza o papel de negros, indígenas e mulheres na história do país.
Tombado como bem cultural pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), o cortejo do Dois de Julho representa um dos maiores símbolos de identidade do estado. O Pavilhão 2 de Julho, localizado na Lapinha, guarda os estandartes e símbolos oficiais do evento, enquanto o Monumento ao Dois de Julho, inaugurado em 1872 no Campo Grande, marca o encerramento simbólico do trajeto da vitória baiana.
Em 2025, a festa ganhou ainda mais destaque com o tema “Eu sou 2 de Julho”, reforçando a conexão pessoal de cada baiano com a data. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs, inclusive, que o 2 de Julho seja reconhecido oficialmente como o “Dia Nacional da Consolidação da Independência do Brasil”, ampliando o alcance da celebração para além das fronteiras da Bahia.
Mais do que lembrar o passado, o 2 de Julho é uma data que convoca à reflexão sobre os desafios do presente. Questões como o combate ao racismo, o respeito às diversidades e a valorização da cultura popular aparecem com força na voz dos participantes e nas manifestações culturais que ocupam as ruas.
Em cada passo do cortejo, em cada batuque da fanfarra e em cada símbolo carregado com orgulho, o povo baiano reafirma que a independência não foi um ato isolado — mas uma construção coletiva, ainda em curso.
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