O município de Paripiranga, no nordeste da Bahia, vive um cenário de profunda crise política e institucional. Em meio a disputas judiciais e acusações de manobras, surgem questionamentos sobre quem, de fato, está obstruindo a normalidade democrática: os vereadores governistas, que boicotam as sessões, ou a direção da Câmara, que resiste a cumprir uma decisão judicial para nova eleição da Mesa Diretora.
A instabilidade começou a se agravar após a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara Municipal, realizada em 1º de janeiro de 2025.
Posteriormente, a Justiça anulou essa eleição, apontando irregularidades e determinando a realização de um novo processo eleitoral interno. Apesar disso, a atual presidente, vereadora Neide Carvalho (MDB), e os demais membros da Mesa seguem nos cargos, aumentando a tensão política.
O cenário se complicou ainda mais no início de abril, com a renúncia do vereador Alexandre Magno Rodrigues de Oliveira (MDB) no dia 7 de abril. Alexandre, que fazia parte da bancada de oposição e que se encontra preso. De acordo com o Regimento Interno da Câmara, a vacância deveria resultar na convocação imediata do suplente, Ival Rabelo de Souza (MDB).
A posse do suplente, porém, exige quórum de maioria absoluta — seis vereadores presentes. Apesar da convocação de sessões nos dias 8, 11 e 24 de abril, a ausência deliberada dos vereadores governistas, que não compareceram às sessões, impediu o quórum necessário, barrando a posse de Ival Rabelo.
Além da ausência dos parlamentares da base do governo, surgiram denúncias de que servidores públicos comissionados foram mobilizados pela gestão para protestar nas dependências da Câmara, tumultuando ainda mais os trabalhos legislativos.
A presidente da Câmara, Neide Carvalho, afirma que a posse deveria ocorrer automaticamente. "A renúncia é um ato unilateral e pessoal. Impedir a posse do suplente é uma afronta ao princípio democrático e à vontade popular", defende.
O suplente Ival Rabelo chegou a ingressar com mandado de segurança para tentar garantir a posse, mas teve o pedido de liminar indeferido pelo juiz André Andrade Vieira, que sustentou a necessidade do quórum regimental.
Com isso, a oposição promete recorrer ao Tribunal de Justiça da Bahia e reforçar as denúncias de abuso de poder político por parte do Executivo. Enquanto a Câmara segue operando com apenas dez vereadores e sob a direção de uma Mesa Diretora cuja eleição foi anulada, Paripiranga vive um impasse que coloca em xeque o funcionamento das instituições democráticas locais.
Em meio a essa disputa, a pergunta que ecoa é inevitável: quem realmente está manobrando para manter o controle político — os vereadores governistas, que travam as sessões, ou a direção da Câmara, que resiste a cumprir a decisão da Justiça?
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